A
Reabilitação como o próprio termo diz, tem o objetivo de reabilitar o paciente
dentro de suas possibilidades com o intuito de gerar perspectiva de vida e sua
preservação. É bastante polêmica o fato de até quando se deve investir num
tratamento curativo, já que dentro de Cuidados Paliativos, o trabalho é
desenvolvido com o olhar voltado para o alívio do sofrimento, priorizando o
desejo do indivíduo e muitas vezes investir no prolongamento da vida a qualquer
custo, talvez não seja a medida ideal, pois essa busca pode resultar em enorme
sofrimento tanto para o paciente como para sua família.
De acordo com Santiago
(2001), Reabilitação é a ênfase na funcionalidade e no desempenho ocupacional e
Cuidado paliativo é a ênfase no conforto, na dignidade e na preparação para o
final da vida.
Objetivos e abordagens terapêuticas
Modelo
multidisciplinar visando:
- Melhorar funcionalidade e conforto;
- Incluir a família e orientar o paciente no planejamento e decisões;
- Implementar as terapias e intervenções;
- Auxiliar no planejamento da alta hospitalar;
- Sugerir modificações no ambiente doméstico
(Santiago-Palma, J, Payne R, 2001)
Metas de reabilitação
Considerada
uma tarefa difícil, que visa reconhecer as necessidades funcionais e cooperar
para preservar cada fase de independência do paciente no maior tempo possível
para reduzir a carga de trabalho do cuidador.
Devem
ser realistas e levar em consideração:
1. Estágio
da doença
2. Estágio
clínico do paciente
3. Cognição
e prognóstico
É
importante para o paciente e a família devem ter objetivos factíveis, pois
expectativas irreais levarão inevitavelmente a frustrações, assim é necessário
que os objetivos sejam revistos e adaptados.
(Santiago-Palma,
J, Payne R, 2001)
O Papel da Terapia Ocupacional
Quadro – Terapia Ocupacional:
Objetivos em Cuidados Paliativos
Manutenção das atividades
significativas para o doente e sua família;
|
Promoção de estímulos sensoriais e
cognitivos para o enriquecimento do cotidiano;
|
Orientar a realização de medidas de
conforto e controle de outros sintomas;
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Adaptação e treino de AVD’s para
autonomia e independência;
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Criação de possibilidades de
comunicação, expressão e exercício da criatividade;
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Criação de espaços de convivência e
interação pautada nas potencialidades dos sujeitos
|
Apoio, escuta e orientação aos
familiares e/ou cuidador.
|
Promoção
da independência do sujeito até quando for possível, mantendo a autonomia até o
final da vida.
É
importante o papel do terapeuta ativo, que
“empresta” sua capacidade/o fazer ao indivíduo para que este possa executar a
atividade de sua escolha, em um processo que o terapeuta se torna instrumento
para satisfazer as demandas do indivíduo.
Fazer humano
O
“fazer”, a “ação”, é uma entre as necessidades básicas do homem. É através da
ação que o indivíduo, independente de sua idade, explora e domina a si próprio
e ao mundo que o cerca. Assim é necessário pontuar a importância das atividades
significativas, pois mesmo que o cotidiano esteja empobrecido e limitado sem
possibilidades de escolhas e fazeres, a vida não pode perder o seu sentido, desta
forma:
- Autonomia, ligada ao poder de escolha;
- Independência, ligada mais a questão física;
- Projeto de vida
Atividades
É importante desenvolver atividades
a partir da história, dos gostos, do desejo do sujeito, com o intuito de
descobrir ou resgatar significados, as potencias e capacidades remanescentes.
“Não
podemos dar mais horas de vida, mas, mais vida às horas que restam”.
Cicely
Saunders
Fase
final de vida
- Mudança do foco
- Terminalidade e recolhimento
o
Organização da rotina e diminuição de
estímulos;
o
Atividades significativas quando
possível;
o
Conforto;
o
Vínculo-auxiliar nas despedidas;
o
Apoio à família no luto (retorno aos
papéis significativos).
"A
Terapia Ocupacional possibilita a construção de brechas de vida, potência,
criação e singularidade, em um cotidiano por vezes empobrecido e limitado pela
doença... Em um contexto de perdas, no qual o sujeito “fazia”, “podia”,
“estava”, o nosso objetivo principal como terapeutas ocupacionais será
contribuir para trazer os verbos para o presente" (Marília Othero).
O Papel da Fonoaudiologia
Alterações
de deglutição e de comunicação, comprometendo assim a qualidade de vida de
pacientes e seu familiar.
A
alimentação não é uma mera função biológica. Através dela e de seu simbolismo
realizamos uma parte importante da nossa vida social, cultural e religiosa. O
impacto psicológico em pessoas incapacitadas de exercer esta importante atividade
diária tem um forte impacto na sua qualidade de vida e de seus familiares.
O
Tratamento da disfagia nesses doentes, embora possa apresentar um caráter
curativo, é predominantemente readaptativo, exige a atuação de uma equipe multidisciplinar,
com enfoque da fonoaudiologia.
Outro
ponto importante são os distúrbios da comunicação. A comunicação é uma troca de
sentimentos, conhecimentos e necessidades entre duas ou mais pessoas. O
profissional de fonoaudiologia também treina o paciente de voz esofágica e
orienta a família para que possa fazer a estimulação em casa.
O
Papel da Fisioterapia
Em
Cuidados Paliativos, o fisioterapeuta, a partir de uma avaliação estabelece um
programa de tratamento adequado com utilização de recursos, técnicas e
exercícios, com o objetivo através da abordagem multiprofissional e
interdisciplinar, o alívio do sofrimento, da dor e outros sintomas
estressantes, oferecer suporte para que o paciente viva mais ativamente
possível com qualidade de vida, dignidade e conforto, além de oferecer suporte
para ajudar os familiares na assistência ao paciente no enfrentamento da doença
e no luto.
Recursos para o controle de sintomas
Para a dor
No
controle da dor, o fisioterapeuta pode utilizar técnicas como: Terapias
manuais, eletro terapia como o TENS(Transcutaneous Electrical Neve Stimulation)
associado ou não a fármacos, biofeedback, termoterapia (frio e calor),
exercícios e mobilizações, posicionamentos adequados, técnicas de relaxamento.
a massagem de massoterapia, além de indicada para a dor, também auxilia na
eliminação de gazes, estimula a digestão, diminui cólicas devido ao relaxamento
do trato gastrointestinal, estimula a respiração e circulação.
A
cinesioterapia respiratória associada a técnicas de relaxamento, mobilização de
membros, realizadas em posturas adequadas, são recursos indicados nos casos de
dispneia e outros.
“Houve
um tempo em que nosso poder perante a morte era muito pequeno”. E por isso os
homens e as mulheres dedicavam-se a ouvir a sua voz e podiam tornar-se sábios
na arte de viver. Hoje, nosso poder aumentou. A morte foi definida como inimiga
a ser derrotada. Fomos possuídos pela fantasia onipotente de nos livrarmos de
seu toque. Com isso, nos tornamos surdos às lições que ela pode nos ensinar”.