Relembrando
um pouquinho, percebemos que os Cuidados Paliativos são uma abordagem
terapêutica que buscam garantir a qualidade de vida dos pacientes e seus
familiares diante de problemas associados a doenças ameaçadoras da vida.
Para que o serviço
ofertado seja satisfatório à unidade de cuidado, é necessário que a equipe
multiprofissional envolvida no cuidado funcione bem. Existem alguns requisitos,
eu diria até boas dicas para que isso aconteça da melhor forma possível. De
acordo com o Manual de Cuidados Paliativos da ANCP (2012), é preciso que cada
componente da equipe conheça muito bem o que é da sua área de conhecimento,
além de saber trabalhar com profissionais de diferentes especialidades. A chave
para o sucesso do trabalho é a comunicação.
Outro aspecto
importante é a capacidade de flexibilização pessoal do profissional. Ele
executa ações específicas de sua área, como também executa ações comuns com os
outros profissionais. Dessa forma, o trabalho em equipe permite a conexão de
saberes integrados, provenientes de distintos campos de conhecimento. Respeito,
ética, sensibilidade e sinceridade devem sempre nortear a equipe durante o
tratamento.
Alguns
pré-requisitos para que a eficiência do trabalho seja alcançada incluem:
- o Consenso e clareza nos objetivos, estratégias e condutas propostas;
- o Reconhecimento da contribuição pessoal específica de cada membro;
- o Horizontalidade nas relações, com uma coordenação coerente com suas funções;
- o Competência de cada membro na sua área;
- o Comunicação efetiva entre os membros;
- o Procedimentos para a avaliação da efetividade e da qualidade dos esforços da equipe;
- o Confiança, sigilo e ética entre os profissionais;
- o Resolução de conflitos dentro da equipe.
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Em seguida, faremos
breve descrição do papel do médico e do nutricionista nessa equipe.
O médico
paliativista deve realizar os diagnósticos clínicos. É também do médico a
responsabilidade de propor tratamentos, medicamentosos ou não, que sejam
compatíveis com o momento de vida do paciente, de forma a garantir não só
alívio de sintomas desconfortáveis, mas também a dignidade de vida até o fim. A
principal atribuição seria a de coordenar a comunicação entre a equipe, o
paciente e sua família, não devendo o profissional da medicina passar para
outros integrantes da equipe a responsabilidade de conversar com o paciente e
sua família sobre esses aspectos diretamente ligados com a doença. É
imprescindível que esse profissional comunique a equipe sobre os aspectos
clínicos da doença, os tratamentos indicados, para que todos da equipe falem a
mesma língua. Portanto, ele trabalha como um facilitador para que toda a equipe
trabalhe e ajude o paciente a exercer sua autonomia.
O nutricionista é um
dos profissionais responsáveis por oferecer recursos e esclarecimento aos
pacientes e seus familiares. Portanto, habilidade para se comunicar é
fundamental, e tão importante quanto possuir conhecimento técnico dentro de sua
especialidade. A nutrição tem especial papel preventivo, possibilitando meios e
vias de alimentação, reduzindo os efeitos adversos provocados pelos
tratamentos, retardando a síndrome anorexia-caquexia e ressignificando o
alimento. Em adição, auxilia no controle de sintomas, procura manter hidratação
satisfatória, preserva o peso e a composição corporal. O profissional
nutricionista é um dos profissionais que pode auxiliar na evolução favorável do
paciente. Frequentemente se depara com verdadeiros impasses em relação à
conduta dietoterápica. Nos casos de dilema, recomenda-se considerar oito passos
para a tomada de uma decisão sobre a terapia nutricional do paciente: condição clínica,
sintomas, expectativa de vida, estado nutricional, condições e aceitação de
alimentação via oral, estado psicológico, integridade do trato gastrintestinal (TGI)
e necessidade de serviços especiais para oferecimento da dieta. A ingesta de
alimentos e de líquidos normalmente diminui no estágio terminal de uma doença,
sendo que o paciente não deve ser forçado a receber alimentação e hidratação. A
terapia nutricional em Cuidados Paliativos pode ser indicada e utilizada, porém
a decisão relacionada à sua prescrição deve considerar o quadro clínico, o
prognóstico, os riscos e benefícios da terapia proposta, a vontade do paciente
e familiares frente à situação. Lembrando que respeito, ética, sensibilidade e
sinceridade devem sempre nortear a equipe durante o tratamento.
Referências Bibliográficas
Manual de Cuidados
Paliativos. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Ampliado e atualizado 2ª edição. 2012.
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