Cotidianamente
o profissional de saúde depara-se com situações que envolvem dor e sofrimento, sendo
a morte um elemento constantemente presente nesse contexto. Quando a mesma
acontece, é comum o despertar do sentimento de inutilidade, frustração e
impotência, visto que sua formação profissional é voltada para a ideal de
salvar ou reabilitar vidas e não para perdê-las, o que acaba por gerar situações
de conflitos e estresse. Essa afirmativa fica bastante evidente no trecho
abaixo:
“Tanto o estudante de medicina, quanto o de
enfermagem, são “moldados” a considerar a morte como “o maior dos adversários”,
sendo o dever de tais profissionais combatê-la, utilizando-se de todos os
inacreditáveis recursos tecnológicos e científicos, além de busca da melhor
competência disponível. Contudo, a equipe de saúde já entra na luta com o ônus
de derrota, pois esquece que a morte é maior e mais evidente do que todo
tecnicismo do saber médico. Estar na condição de lutar é uma tarefa exaustiva,
em que as derrotas acontecem.”
(Quintana,
Kegler, Santos, Lima, 2006)
A
falta de preparo ou a dificuldade dos profissionais de saúde em lidar com as
questões de morte e do morrer podem estar relacionadas a problemas relativos a
estrutura dos currículos do curso da área de saúde, em que não é comum se perceber a presença de disciplinas que
busquem discutir essas questões, embora essa necessidade seja evidente. Tais
situações acabam por gerar nos profissionais de saúde a criação de mecanismos
que lhe confira proteção contra de possíveis sofrimentos. Como exemplo desses
mecanismos, temos a tentativa de não criar vínculo com o paciente por medo de
perdê-los, buscar pelo esquecimento através da
redução do numero de visitas aos
pacientes em situações mais graves, a evitabilidade de situações em que seja necessário
a abordagem ou discussão do diagnostico de doenças ditas fora de possibilidade terapêutica,
também funcionam como uma forma de
proteger-se do sofrimento que o curso de uma determinada doença ou a perda do paciente pode proporcionar.
No
cenário da impossibilidade de se evitar a morte ou de aliviar o sofrimento de
um paciente pode levar o profissional de
saúde a vivenciar, diante destas situações, a sua própria morte ou finitude, podendo ser uma experiência extremamente
dolorosa a este,podendo ainda refletir em
questões relacionadas à dificuldade de se posicionar diante da dor daquelas pessoas para
o quais direcionam o cuidado, de percepção de suas fragilidades,de vivenciar e
expressar seu processo de luto pela
perda de seus pacientes, levando-os condições de adoecimento, como é do desenvolvimento da chamada Síndrome de Burnout,
caracterizada pela resposta do profissional frente a tensão emocional que o trabalho de cuidar do outro
lhe confere.,sendo que tal quadro pode
ser atenuado quando se dispõe de redes de suporte que possibilite ao profissional de saúde a elaboração de sua dor,a estimulação da
comunicação como forma de compartilhamento e talvez redução da dor provocada
pela perda.
Desta
forma, entende-se que é a formação de grupos de apoio a equipes de profissionais
que prestam assistência a pacientes e situação crítica ou em cuidados
paliativos é de suma importância para o apoio e a evitabilidade de quadro de adoecimento,
tendo em vista que a discussão de questões relacionadas aos sentimentos
envolvidos no processo do cuidar conferidas pela ideia de fracasso, as
dificuldade de comunicação de diagnósticos, a forma como se posicionar frente as
expectativa das famílias dos doentes são temas que constantemente são abordados
por esses grupos de apoio.
Fonte: http://www.fotosantesedepois.com/sindrome-burnout/
“ Homens são anjos como uma asa só.
Para voar, precisam do “outro.”
( Luciano De Crescenzo)
REFERÊNCIAS:
KOVACS,
M .J. Sofrimento
da equipe de saúde no contexto hospitalar: cuidando do cuidador profissional. O Mundo da Saúde, São Paulo: 2010; v.34,
n.4. p. 420-429.
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