segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Cuidando de quem cuida: atenção prestada aos cuidadores profissionais frente ao processo de doença e luto.

            Cotidianamente o profissional de saúde depara-se com situações que envolvem dor e sofrimento, sendo a morte um elemento constantemente presente nesse contexto. Quando a mesma acontece, é comum o despertar do sentimento de inutilidade, frustração e impotência, visto que sua formação profissional é voltada para a ideal de salvar ou reabilitar vidas e não para perdê-las, o que acaba por gerar situações de conflitos e estresse. Essa afirmativa fica bastante evidente no trecho abaixo:

“Tanto o estudante de medicina, quanto o de enfermagem, são “moldados” a considerar a morte como “o maior dos adversários”, sendo o dever de tais profissionais combatê-la, utilizando-se de todos os inacreditáveis recursos tecnológicos e científicos, além de busca da melhor competência disponível. Contudo, a equipe de saúde já entra na luta com o ônus de derrota, pois esquece que a morte é maior e mais evidente do que todo tecnicismo do saber médico. Estar na condição de lutar é uma tarefa exaustiva, em que as derrotas acontecem.
      (Quintana, Kegler, Santos, Lima, 2006)

A falta de preparo ou a dificuldade dos profissionais de saúde em lidar com as questões de morte e do morrer podem estar relacionadas a problemas relativos a estrutura dos currículos do curso da área de saúde, em que não é comum  se perceber a presença de disciplinas que busquem discutir essas questões, embora essa necessidade seja evidente. Tais situações acabam por gerar nos profissionais de saúde a criação de mecanismos que lhe confira  proteção contra  de possíveis sofrimentos. Como exemplo desses mecanismos, temos a tentativa de não criar vínculo com o paciente por medo de perdê-los, buscar pelo esquecimento através da  redução  do numero de visitas aos pacientes em situações mais graves, a evitabilidade de situações em que seja necessário a abordagem ou discussão do diagnostico de doenças ditas fora de possibilidade terapêutica, também  funcionam como uma forma de proteger-se do sofrimento que o curso de uma determinada doença ou  a perda do paciente  pode proporcionar.

No cenário da impossibilidade de se evitar a morte ou de aliviar o sofrimento de um  paciente pode levar o profissional de saúde a vivenciar, diante destas situações, a sua própria morte ou  finitude, podendo ser uma experiência extremamente dolorosa a este,podendo ainda refletir  em questões relacionadas à dificuldade de se  posicionar diante da dor daquelas pessoas para o quais direcionam o cuidado, de percepção de suas fragilidades,de vivenciar e expressar  seu processo de luto pela perda de seus pacientes, levando-os condições de  adoecimento, como é do  desenvolvimento da chamada Síndrome de Burnout, caracterizada pela resposta do profissional frente a tensão  emocional que o trabalho de cuidar do outro lhe confere.,sendo que tal quadro  pode ser atenuado quando se dispõe de redes de suporte  que  possibilite ao profissional de saúde  a elaboração de sua dor,a estimulação da comunicação como forma de compartilhamento e talvez redução da dor provocada pela perda.
Desta forma, entende-se que é a formação de grupos de apoio a equipes de profissionais que prestam assistência a pacientes e situação crítica ou em cuidados paliativos é de suma importância para o apoio e a evitabilidade de quadro de adoecimento, tendo em vista que a discussão de questões relacionadas aos sentimentos envolvidos no processo do cuidar conferidas pela ideia de fracasso, as dificuldade de comunicação de diagnósticos, a forma como se posicionar frente as expectativa das famílias dos doentes são temas que constantemente são abordados por esses grupos de apoio.

 Fonte: http://www.fotosantesedepois.com/sindrome-burnout/


“ Homens são anjos como uma asa só.
Para voar, precisam do “outro.”
                                                                                                  ( Luciano De Crescenzo)

REFERÊNCIAS:
KOVACS, M .J. Sofrimento da equipe de saúde no contexto hospitalar: cuidando do cuidador profissional. O Mundo da Saúde, São Paulo: 2010; v.34, n.4. p. 420-429.

MENDES, J.A;LUSTOSA, M.A;MELLO,M. C. Paciente terminal, família e equipe de saúde. Rev. SBPH. v.12 n.1 Rio de Janeiro jun. 2009



Nenhum comentário:

Postar um comentário