quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Reabilitação e Cuidados Paliativos: O Papel da Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Fonoaudiologia.


A Reabilitação como o próprio termo diz, tem o objetivo de reabilitar o paciente dentro de suas possibilidades com o intuito de gerar perspectiva de vida e sua preservação. É bastante polêmica o fato de até quando se deve investir num tratamento curativo, já que dentro de Cuidados Paliativos, o trabalho é desenvolvido com o olhar voltado para o alívio do sofrimento, priorizando o desejo do indivíduo e muitas vezes investir no prolongamento da vida a qualquer custo, talvez não seja a medida ideal, pois essa busca pode resultar em enorme sofrimento tanto para o paciente como para sua família.
De acordo com Santiago (2001), Reabilitação é a ênfase na funcionalidade e no desempenho ocupacional e Cuidado paliativo é a ênfase no conforto, na dignidade e na preparação para o final da vida.

Objetivos e abordagens terapêuticas

Modelo multidisciplinar visando:
  • Melhorar funcionalidade e conforto;
  • Incluir a família e orientar o paciente no planejamento e decisões; 
  •   Implementar as terapias e intervenções;
  • Auxiliar no planejamento da alta hospitalar;
  •   Sugerir modificações no ambiente doméstico

(Santiago-Palma, J, Payne R, 2001)


Metas de reabilitação
Considerada uma tarefa difícil, que visa reconhecer as necessidades funcionais e cooperar para preservar cada fase de independência do paciente no maior tempo possível para reduzir a carga de trabalho do cuidador. 

Devem ser realistas e levar em consideração:
1.      Estágio da doença
2.      Estágio clínico do paciente
3.      Cognição e prognóstico
É importante para o paciente e a família devem ter objetivos factíveis, pois expectativas irreais levarão inevitavelmente a frustrações, assim é necessário que os objetivos sejam revistos e adaptados.
 (Santiago-Palma, J, Payne R, 2001)


O Papel da Terapia Ocupacional

Quadro – Terapia Ocupacional: Objetivos em Cuidados Paliativos
Manutenção das atividades significativas para o doente e sua família;
Promoção de estímulos sensoriais e cognitivos para o enriquecimento do cotidiano;
Orientar a realização de medidas de conforto e controle de outros sintomas;
Adaptação e treino de AVD’s para autonomia e independência;
Criação de possibilidades de comunicação, expressão e exercício da criatividade;
Criação de espaços de convivência e interação pautada nas potencialidades dos sujeitos
Apoio, escuta e orientação aos familiares e/ou cuidador.

Promoção da independência do sujeito até quando for possível, mantendo a autonomia até o final da vida.
É importante o papel do terapeuta ativo, que “empresta” sua capacidade/o fazer ao indivíduo para que este possa executar a atividade de sua escolha, em um processo que o terapeuta se torna instrumento para satisfazer as demandas do indivíduo. 


Fazer humano
O “fazer”, a “ação”, é uma entre as necessidades básicas do homem. É através da ação que o indivíduo, independente de sua idade, explora e domina a si próprio e ao mundo que o cerca. Assim é necessário pontuar a importância das atividades significativas, pois mesmo que o cotidiano esteja empobrecido e limitado sem possibilidades de escolhas e fazeres, a vida não pode perder o seu sentido, desta forma:
  •  Autonomia, ligada ao poder de escolha;
  •   Independência, ligada mais a questão física;
  •  Projeto de vida

Atividades
            É importante desenvolver atividades a partir da história, dos gostos, do desejo do sujeito, com o intuito de descobrir ou resgatar significados, as potencias e capacidades remanescentes.
“Não podemos dar mais horas de vida, mas, mais vida às horas que restam”.
Cicely Saunders

Fase final de vida
  • Mudança do foco
  • Terminalidade e recolhimento
o   Organização da rotina e diminuição de estímulos;
o   Atividades significativas quando possível;
o   Conforto;
o   Vínculo-auxiliar nas despedidas;
o   Apoio à família no luto (retorno aos papéis significativos).

"A Terapia Ocupacional possibilita a construção de brechas de vida, potência, criação e singularidade, em um cotidiano por vezes empobrecido e limitado pela doença... Em um contexto de perdas, no qual o sujeito “fazia”, “podia”, “estava”, o nosso objetivo principal como terapeutas ocupacionais será contribuir para trazer os verbos para o presente" (Marília Othero).

O Papel da Fonoaudiologia
Alterações de deglutição e de comunicação, comprometendo assim a qualidade de vida de pacientes e seu familiar.
A alimentação não é uma mera função biológica. Através dela e de seu simbolismo realizamos uma parte importante da nossa vida social, cultural e religiosa. O impacto psicológico em pessoas incapacitadas de exercer esta importante atividade diária tem um forte impacto na sua qualidade de vida e de seus familiares.

O Tratamento da disfagia nesses doentes, embora possa apresentar um caráter curativo, é predominantemente readaptativo, exige a atuação de uma equipe multidisciplinar, com enfoque da fonoaudiologia.
Outro ponto importante são os distúrbios da comunicação. A comunicação é uma troca de sentimentos, conhecimentos e necessidades entre duas ou mais pessoas. O profissional de fonoaudiologia também treina o paciente de voz esofágica e orienta a família para que possa fazer a estimulação em casa.

 


O Papel da Fisioterapia
Em Cuidados Paliativos, o fisioterapeuta, a partir de uma avaliação estabelece um programa de tratamento adequado com utilização de recursos, técnicas e exercícios, com o objetivo através da abordagem multiprofissional e interdisciplinar, o alívio do sofrimento, da dor e outros sintomas estressantes, oferecer suporte para que o paciente viva mais ativamente possível com qualidade de vida, dignidade e conforto, além de oferecer suporte para ajudar os familiares na assistência ao paciente no enfrentamento da doença e no luto.


Recursos para o controle de sintomas 

Para a dor
No controle da dor, o fisioterapeuta pode utilizar técnicas como: Terapias manuais, eletro terapia como o TENS(Transcutaneous Electrical Neve Stimulation) associado ou não a fármacos, biofeedback, termoterapia (frio e calor), exercícios e mobilizações, posicionamentos adequados, técnicas de relaxamento. a massagem de massoterapia, além de indicada para a dor, também auxilia na eliminação de gazes, estimula a digestão, diminui cólicas devido ao relaxamento do trato gastrointestinal, estimula a respiração e circulação.
A cinesioterapia respiratória associada a técnicas de relaxamento, mobilização de membros, realizadas em posturas adequadas, são recursos indicados nos casos de dispneia e outros.
“Houve um tempo em que nosso poder perante a morte era muito pequeno”. E por isso os homens e as mulheres dedicavam-se a ouvir a sua voz e podiam tornar-se sábios na arte de viver. Hoje, nosso poder aumentou. A morte foi definida como inimiga a ser derrotada. Fomos possuídos pela fantasia onipotente de nos livrarmos de seu toque. Com isso, nos tornamos surdos às lições que ela pode nos ensinar”.
Rubens Alves


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